domingo, 1 de julho de 2012

Há Dias Sem Ética


Vamos muito ouvir falar em "sepultamento da ética" neste pleito político eleitoral que se aproxima. Só gostaria de saber quem a exumou e a ressuscitou para que esta novamente fosse assassinada. Seria ela, Quincas Berro D’água, personagem de Jorge Amado que morre mais de uma vez? A política partidária há tempos tornou-se um Vale-Tudo e onde tudo vale, na verdade há algo que não tem valor. É justamente ela: a ética. A ética, como um campo particular do caráter e da conduta humana, exige certos princípios que nem o Cândido de Voltaire ou seu mestre, Doutor Pangloss, conseguiria enxergar numa disputa eleitoral nos moldes da nossa, a brasileira. E o mais engraçado, ou trágico, é que muitos políticos do Piauí, mesmo depois de saborear o néctar do Poder e também ter tido a oportunidade de poder oprimir, segue com o discurso do oprimido. E muita gente sem se dar conta continua referendando tais disparates (uso “disparates” para seguir eufemístico, neste caso, ultra-eufemístio, no limiar da injustiça). Às veze penso que certas posturas do eleitor brasileiro, do tipo crer neste “esquerdismo”, supostamente instalado por aqui, é um tanto kafkiano, ou seja, chega a revelar um contexto existencialmente absurdo. Quanto a ética, na política eleitoral, há tempos puseram a lápide sobre ela, ela mesma é uma pedra no meio caminho. Um obstáculo a ser desviado. O que dizer de um pensamento político que sustenta suas bases numa guerra deliberada a um partido? E de uma ideologia que só sabe se alimentar de Poder? Qual a vida-útil desse discurso “salvador” inexorável que há Dias se vê no Piauí? Essa “máscara gelada” seguirá incólume? Traições, corrupções, falácias, demagogias e CovarDias também podem levar ao poder, mas nunca à glória.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

A DESATUALIZAÇÃO DE UMA MÁXIMA OSWALDIANA


Os principais projetos dos políticos do Brasil são de ordem pessoal, ou seja, trata-se de "projetar sua vida na política". Isso é o que há de mais profícuo. Para nossos “representantes” na política, é o imprescindível do imprescindível. Em seguida vem a segunda missão: “ajeitar os seus”, como disse Mão Santa: “foi assim que ensinou Mateus!” Depois disso, aliás, muito além do depois, vêm pequenas ações de natureza assistencialista, populista e eleitoreira, pois claro, são elas que irão garantir os objetivos primeiros.  Em muitos casos nem circo há mais, somente o pão e em outros nem um nem outro. No que se refere a remunuração do funcionalismo público, por exemplo, no Brasil, não há critério (pelo menos, lógico) para se  estabelecer o que cada profissional deva receber. Em se tratando de pobre, fala-se de piso. No caso dos mais abastados, só fala em fala em teto que na prática não há. O céu é o limite. Não pode ser sério um país onde um funcionário ganhe em apenas um mês mais de meio milhão, como no deplorável caso dos desembargadores do Tribunal de Injustiça do Rio, e neste mesmo Rio a maioria dos funcionários não ganhará essa quantia nem trabalhando trinta anos. Os magistrados federais reivindicam um aumento, que pelo que tudo indica, sairá no ano que vem, em 2013, que acarretará um aumento de quase sete bilhões nas receitas públicas, por outro lado fala-se que não há dinheiro para se “tornar menos mal” a situação da maioria dos profissionais de segurança pública no País. No Amapá, um estado de arrecadação próxima do zero, paga-se aos deputados uma das maiores verbas indenizatórias do Brasil. A razão é simples: quem decide sobre o que ganha e ainda tem poder de barganha, fatura só na manha! A maioria dos políticos que vivem aumentando seus salários pensa pela seguinte ótica: “quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é besta ou não entende da arte.” No Maranhão um homem que não herdou nada de sua família, encontrou na política sua fonte de riqueza para dez gerações, falo dos “Donos do Mar”... e assim vai “(...) no Mato Grosso e nas Gerais e no nordeste tudo em ‘paz’ (...) que país é esse?”. Aqui muito se propalada que há “igualdade de oportunidade”. Isso não é realidade. “Igualdade de resultado” nem se fala. Já não estamos mais no tempo de Oswald que asseverou ser o Brasil uma república federativa cheio de árvores e gente dizendo adeus... as coisas se inverteram, há menos verde e muita gente chegando, afinal se a batata está rasa, os porcos espertos se dão de bem. Noutras épocas quando a repressão vigorava, pelo menos sonhávamos junto com Chico... “Vai passar, vai passar” e agora, em pleno uma democracia supostamente estabelecida, o que dizer, senão “a coisa aqui tá (mais) preta!” Stanislaw Ponte Preta disse que “A prosperidade de alguns homens públicos do Brasil é uma prova evidente de que eles vêm lutando pelo progresso do nosso subdesenvolvimento”. Indubitavelmente, nenhuma reforma neste país é mais importante que a da Moral.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

A VEZ DOS "EMPURRADOS"


Tomado pelas palavras queria poder aqui discorrer limpidamente, sem arrodeio ou metáfora, mas não quero dar um tom de denúncia nisso que é antes de qualquer coisa uma autorreflexão. Tentarei demonstrar, sem grandes pretensões, como os melhores não estão na vez. A vez é dos “empurrados” e não quero aqui conceber isso como um fenômeno novo, o leitor menos alheado vai perceber que tão somente delimito minhas impressões mais para o presente.
Stephen Kanitz já asseverou que a “insegurança é o problema humano número um” da humanidade, mas, nestas linhas seguintes quero discorrer sobre a “solução primeira” nos dias de hoje, isso mesmo, quero refletir sobre “o fenômeno do empurrão”... Não aquele que derruba (esse sobra por aí), mas o que o ergue, o que o lança a frente dos demais. Na maioria das vezes a competência, sem o empurrão nada garante, resta conformar-se em estar junto às grossas fileiras dos que nada terão.
Um bom empurrão transforma água em vinho, sapo em príncipe e até uva em abacaxi. No campo de análise das posições que um ou outro ocupou, seria injusto desconsiderar a variável, às vezes infame, às vezes in Family, às vezes sa femme do empurrão. Como classificar esse expediente? Injusto, desleal, imoral? 
Sei que, inequivocamente, definitivamente o mundo não é mais dos espertos, muitos dessa categoria andam aos montes por aí a sombra desta outra que cresce e a cada dia ganha mais força, “os empurrados”. Acreditar na falácia de oportunidades iguais para todos é tão ingênuo quanto o Cândido do Voltaire.
Eis então uma pergunta: o que pode tornar alguém “empurrável” em potencial? Poderia tentar pensar em alguns fatores, algumas ideias (bem longe dos manuais para o sucesso financeiro como os do moço que tinha dois pais, afinal só tenho um e este é pobre), entretanto citarei aqui apenas um: o nepotismo que em suas várias facetas, é o exemplo mais comum de “empurramento” e a enésima prova de sua perenidade é a mastodôntica e crescente massa de nepotes no Brasil. E ainda há quem pontifique essa postura com “célebres” citações do tipo “Mateus, primeiro os teus”.
Para legislar não se exige conhecer leis; para fiscalizar contas não se exige notório saberes contábeis; para julgar, nos mais supremos tribunais, competência é atributo secundário; para governar não se exige honestidade e compromisso; para se chegar ao topo não é preciso escalar, pois a maioria cala. O empurrão suprime a insólita natureza do esforço, do merecimento e da sapiência. Como na vilipendiosa ação de Agátocles, que bem nos lembrou Niccolò Machiavelli, a tirania do empurrão pode até conduzir ao poder, mas não à glória.

quarta-feira, 7 de março de 2012

HABEMOS REITOR?


Já se viu a fumacinha branca na reitoria da UFPI. A chapa do Rei, digo do Reitor, Luis Júnior, já foi anunciada. Trata-se dos professores Arimateia Lopes, de química e Nadir Nogueira, de nutrição. O professor Edwar Castelo Branco do Departamento de Geografia e História e atual vice-reitor, rompeu já há algum tempo com a reitoria e ao que tudo indica, vai novamente engrossar as fileiras da oposição. Apenas para recordar, foi Edwar, numa noite memorável em 2004, que anunciou a cândida candidatura de Fonseca Neto... Proclamando em emoções de tons arrefecidos que tinha orgulho de ser amigo do Professor Fonseca e de poder contribuir para que o mesmo vencesse as eleições... “Porque és tu Fonseca, que representa essa nossa luta histórica”, disse ele.  Pois bem, Fonseca perdeu as eleições. Quatro anos depois Edwar mudou de lado, aliou-se a CanDITADURA de Luis Junior e elegeu-se Vice-reitor. Naquela ocasião as novas regras impediram Fonseca de pleitear novamente a reitoria, visto que a partir de então se exigiu o título de doutor, por isso as oposições uniram-se na figura do professor Solimar, que não vingou. Luis Júnior continuaria, agora com Edwar, sua dinastia. Mas como sempre centralizando tudo, a majestade nunca chamou seu Vice o disse ao menos, “Ed, Vá ali e assine isso.” Ou “Ed, Vá ali e me represente”. Nunca isso aconteceu. Era como se ele não visse Edwar, era como se Edwar não fosse vice. Edwar Castelo Branco, de cabelo Branco de esperar, chutou o balde e abandonou o Castelo.
As oposições já estão se organizando. Alguns nomes já são ventilados. Um representante forte seria o professor Washington Bomfim. Que ainda não decidiu se vai encabeçar a chapa. Experiência administrativa não lhe falta. Seriedade e honestidade também não. O que falta na verdade, independe dele, trata-se da comunidade acadêmica da UFPI, sobretudo professores e funcionários, que insistem em continuar com esse velho esquema, esse grupo de amigos que perpetua a corrupção nesta Universidade, pensar mais na instituição e dar um basta nisso.  Há tempos os alunos querem mudar, mas a forma segmentada de eleição não permite. Para vencer o candidato tem ter votos dos três segmentos, professores, alunos e funcionários. Para se ter uma ideia, em 2004 Fonseca Neto no cômputo geral teve mais votos que seus dois adversários, mas mesmo assim ficou em último lugar, visto que só venceu no segmento discente.
Na UFPI historicamente oposição não ganha e se ganha não leva. Lá impera a perpetuação de um esquema indestronável, de um rolo compressor cuja infalibilidade é incontestável. Os reitores sempre escolhem seus sucessores e o povo fica bestializado. A comunidade acadêmica, arcaica e anêmica cabe apenas referendar o nome que sai do bolso supremo e divino do Reitor.
As eleições para reitoria se aproximam, se Washington aceitar, rogamos que tenha um Bomfim. Mas, parafraseando Caetano Veloso, resta-me perguntar “Será que nunca faremos senão confirmar, a incompetência dessa UFPI corrupta, que sempre precisará de ridículos tiranos. Será, será, que será? Que será, que será? Será que esta minha estúpida retórica, terá que soar, terá que se ouvir por mais zil anos?”

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

EM TERESINA, NÃO TER É SINA !!!

Ontem fui ao Verdão. Pude Ver? Não! Nem selecinha nem seleção, nem rolinha, nem Falcão. Mais de quinze mil pessoas para cinco mil espaços. Muita perna, muito braço, pouco teto e pouco chão...  Gente em cima, gente embaixo, gente dentro, gente fora, gente enganando, gente enganada, os times jogando muito, os dirigentes um pouco além do nada ... Aí eu me pergunto: será que tanta gente assim por aqui gosta de futsal? É pouco provável! Reflete-se neste caso mais uma vez a falta de oportunidade de lazer saudável para os teresinenses.  A mesopotâmia de beira de rio mais des-otimizada. As praças são sem graça, a educação uma desgraça e a saúde nem de graça...  os que tem verba vão pra fora... e quem não tem, fora ver Bar... olho ali, bares, olho cá, barés ... qual o resultado da equação: muitos jovens + pouco esporte, cultura, lazer saudável + muita festa regada a álcool + muita motocicleta + muita droga rolando solta + pouco diálogo com os pais?  Simples: Sinais, ruas e praças lotados de zumbis do crack, HUT cheio de ossos humanos quebrados e outras tantas mazelas... (Nossa! Assim você mata) E o povo? Continua votando. E as velhas políticas voltando e eu como o Pedro do Chico, esperando, esperando, esperando o trem e esperando um aumento desde o ano passado para o mês que vem...

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

TUDO VIRA ESPETÁCULO


Na nossa sociedade atual, dominada, pelas modernas condições de produção e alienação para o consumo, tudo transforma-se em mercadoria: o mineral, o vegetal, o animal ... o discurso, a notícia, a imagem, a face, o face ...  Assim, o real sai de cena e a vida, como nos dizia Guy Debord, é apresentada como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era diretamente vivido se esvai na fumaça da representação. Tudo vira espetáculo. Mas, que pena, não podemos chamar essa nossa sociedade de espetacular, ela é fundamentalmente espetaculista e quanto a nós, meros mortais: adereços decorativos. "Luz, câmera, ação!" 

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

OS ESTUDANTES E O ESTADO DEMOCRÁTICO DE "ESQUERDA"


Fico feliz por ver os jovens de Teresina protestando e manifestando-se a favor de seus direitos, isso sinaliza para uma ideia de conscientização política. É difícil se conseguir na prática algum resultado com o discurso do tipo: "manifestar pacificamente"... Isto que os jovens estão fazendo não é uma ação (disso ainda são muito incipientes, no que se refere a atitudes políticas), mas uma reação e eles reagem proporcionalmente à agressão que sentem. Será o valor de uma passagem o cerne desta celeuma? Ou isto seria o reflexo de um quadro de insatisfação generalizado com as instituições públicas? Já passamos da fase de mirar nossas munições argumentativas para verbalizar contra, meramente, o aparato policial, este expediente não serve mais, ele é anacrônico, servia nos anos 60 e 70 num contexto que nós conhecemos, a ditadura militar. Isso soa como se a luta fosse simplesmente contra as instituições de segurança pública, e não o é. Uns até lançam mão de um reducionismo ocioso e nefasto à luta dos jovens, “Polícia X Estudantes”, indubitavelmente isso empobrece o debate, aliás, colocações falaciosas não faltam nesses momentos. Acredito nas manifestações, no “ir às ruas” no protestar, mas, falta-nos alçar outros voos, dentro desta conjuntura que nos é favorável. Precisamos exercer nossa cidadania e otimizar nossa participação na representatividade político-administrativa. Mas, a despeito disso, caiu 18%, nas eleições de 2008 e 2010, o número de jovens eleitores entre 16 e 17 anos (e que não são obrigados a votar), segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Este é o menor percentual de jovens inscritos nas últimas três eleições. As verdadeiras revoluções têm um papel corrosivo, como assevera a historiadora brasileira Emília Viotti. Precisamos, portanto aprender a agir mais, e não apenas reagir, ou seja, precisamos de pro-atividade e não apenas reatividade. Não é apenas a passagem de ônibus que está subindo, mas a corrupção, o “coronelismo” e o “voto de cabresto” que se remodelam e tantos outros males neste Estado Democrático de “Esquerda”.
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Formado em história, mestrando em educação. Educador social (trabalho com prevenção às droga) Tenho como hobby, a dramaturgia, escrevi algumas peças teatrais e tenho um livro publicado nesta área.