Tomado pelas palavras queria poder aqui
discorrer limpidamente, sem arrodeio ou metáfora, mas não quero dar um tom de
denúncia nisso que é antes de qualquer coisa uma autorreflexão. Tentarei demonstrar, sem grandes
pretensões, como os melhores não estão na vez. A vez é dos “empurrados” e não
quero aqui conceber isso como um fenômeno novo, o leitor menos alheado vai
perceber que tão somente delimito minhas impressões mais para o presente.
Stephen Kanitz já asseverou que a
“insegurança é o problema humano número um” da humanidade, mas, nestas linhas
seguintes quero discorrer sobre a “solução primeira” nos
dias de hoje, isso mesmo, quero refletir sobre “o fenômeno do empurrão”...
Não aquele que derruba (esse sobra por aí), mas o que o ergue, o que o lança a
frente dos demais. Na maioria das vezes a competência, sem o empurrão nada
garante, resta conformar-se em estar junto às grossas fileiras dos que nada
terão.
Um bom empurrão transforma água em
vinho, sapo em príncipe e até uva em abacaxi. No campo de análise das posições
que um ou outro ocupou, seria injusto desconsiderar a variável, às vezes
infame, às vezes in Family, às vezes sa femme do empurrão. Como classificar esse
expediente? Injusto, desleal, imoral?
Sei que, inequivocamente, definitivamente o mundo não é
mais dos espertos, muitos dessa categoria andam aos montes por aí a sombra
desta outra que cresce e a cada dia ganha mais força, “os empurrados”.
Acreditar na falácia de oportunidades iguais para todos é tão ingênuo quanto o
Cândido do Voltaire.
Eis então uma pergunta: o que pode
tornar alguém “empurrável” em potencial? Poderia tentar pensar em alguns
fatores, algumas ideias (bem longe dos manuais para o sucesso financeiro como
os do moço que tinha dois pais, afinal só tenho um e este é pobre), entretanto
citarei aqui apenas um: o nepotismo que em suas várias facetas, é o exemplo
mais comum de “empurramento” e a enésima prova de sua perenidade é a mastodôntica
e crescente massa de nepotes no Brasil. E ainda há quem pontifique essa postura
com “célebres” citações do tipo “Mateus, primeiro os teus”.
Para legislar não se exige conhecer
leis; para fiscalizar contas não se exige notório saberes contábeis; para
julgar, nos mais supremos tribunais, competência é atributo secundário; para
governar não se exige honestidade e compromisso; para se chegar ao topo não é preciso
escalar, pois a maioria cala. O empurrão suprime a insólita natureza do
esforço, do merecimento e da sapiência. Como na vilipendiosa ação de Agátocles,
que bem nos lembrou Niccolò Machiavelli, a tirania do empurrão pode até conduzir
ao poder, mas não à glória.
Um comentário:
Meu grande amigo e cumpadre Waldilio, vou aqui dedicar esses minutos para comentar seus post de uma maneira bem clara e objetiva. Hoje vivemos num mundo em capitalismo triunfou apostando na diferenciação e na crença de que os melhores e mais capazes devem ser premiados por seus esforços individuais rsrss será ? ainda que, ao longo dos tempos, se tenha chegado a um consenso político de que é preciso dar igualdade de oportunidades para que as diferenças se manifestem de forma justa no decorrer da competição social e econômica. Já o socialismo tentou construir um mundo em que todos fossem iguais em tudo, da largada à chegada. Hoje, meu amigo Waldilio estamos vivendo num ESTADO em que não há meritocracia. E esse efeito antimeritocrático de Estado causa um efeito negativo, que é, desestimular o esforço individual, tende a produzir serviços públicos ineficientes...tem muita gente boa por aí que está desistimulada..rsrs
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