Os principais projetos
dos políticos do Brasil são de ordem pessoal, ou seja, trata-se de
"projetar sua vida na política". Isso é o que há de mais profícuo. Para
nossos “representantes” na política, é o imprescindível do imprescindível. Em
seguida vem a segunda missão: “ajeitar os seus”, como disse Mão Santa: “foi
assim que ensinou Mateus!” Depois disso, aliás, muito além do depois, vêm
pequenas ações de natureza assistencialista, populista e eleitoreira, pois
claro, são elas que irão garantir os objetivos primeiros. Em muitos casos nem circo há mais, somente o
pão e em outros nem um nem outro. No que se refere a remunuração do funcionalismo público, por
exemplo, no Brasil, não há critério (pelo menos, lógico) para se estabelecer o que cada profissional deva receber. Em se tratando de pobre, fala-se de piso. No caso dos mais abastados,
só fala em fala em teto que na prática não há. O céu é o limite. Não pode ser sério um país onde um
funcionário ganhe em apenas um mês mais de meio milhão, como no deplorável caso
dos desembargadores do Tribunal de Injustiça do Rio, e neste mesmo Rio a
maioria dos funcionários não ganhará essa quantia nem trabalhando trinta anos.
Os magistrados federais reivindicam um aumento, que pelo que tudo indica, sairá
no ano que vem, em 2013, que acarretará um aumento de quase sete bilhões nas
receitas públicas, por outro lado fala-se que não há dinheiro para se “tornar
menos mal” a situação da maioria dos profissionais de segurança pública no
País. No Amapá, um estado de arrecadação próxima do zero, paga-se aos deputados
uma das maiores verbas indenizatórias do Brasil. A razão é simples: quem decide
sobre o que ganha e ainda tem poder de barganha, fatura só na manha! A maioria
dos políticos que vivem aumentando seus salários pensa pela seguinte ótica:
“quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é besta ou não entende
da arte.” No Maranhão um homem que não herdou nada de sua família, encontrou na
política sua fonte de riqueza para dez gerações, falo dos “Donos do Mar”... e
assim vai “(...) no Mato Grosso e nas Gerais e no nordeste tudo em ‘paz’ (...)
que país é esse?”. Aqui muito se propalada que há “igualdade de oportunidade”.
Isso não é realidade. “Igualdade de resultado” nem se fala. Já não estamos mais
no tempo de Oswald que asseverou ser o Brasil uma república federativa cheio de
árvores e gente dizendo adeus... as coisas se inverteram, há menos verde e
muita gente chegando, afinal se a batata está rasa, os porcos espertos se dão
de bem. Noutras épocas quando a repressão vigorava, pelo menos sonhávamos junto
com Chico... “Vai passar, vai passar”
e agora, em pleno uma democracia supostamente estabelecida, o que dizer, senão “a coisa aqui tá (mais) preta!” Stanislaw Ponte
Preta disse que “A prosperidade de
alguns homens públicos do Brasil é uma prova evidente de que eles vêm lutando
pelo progresso do nosso subdesenvolvimento”. Indubitavelmente, nenhuma reforma
neste país é mais importante que a da Moral.
segunda-feira, 28 de maio de 2012
quarta-feira, 2 de maio de 2012
A VEZ DOS "EMPURRADOS"
Tomado pelas palavras queria poder aqui
discorrer limpidamente, sem arrodeio ou metáfora, mas não quero dar um tom de
denúncia nisso que é antes de qualquer coisa uma autorreflexão. Tentarei demonstrar, sem grandes
pretensões, como os melhores não estão na vez. A vez é dos “empurrados” e não
quero aqui conceber isso como um fenômeno novo, o leitor menos alheado vai
perceber que tão somente delimito minhas impressões mais para o presente.
Stephen Kanitz já asseverou que a
“insegurança é o problema humano número um” da humanidade, mas, nestas linhas
seguintes quero discorrer sobre a “solução primeira” nos
dias de hoje, isso mesmo, quero refletir sobre “o fenômeno do empurrão”...
Não aquele que derruba (esse sobra por aí), mas o que o ergue, o que o lança a
frente dos demais. Na maioria das vezes a competência, sem o empurrão nada
garante, resta conformar-se em estar junto às grossas fileiras dos que nada
terão.
Um bom empurrão transforma água em
vinho, sapo em príncipe e até uva em abacaxi. No campo de análise das posições
que um ou outro ocupou, seria injusto desconsiderar a variável, às vezes
infame, às vezes in Family, às vezes sa femme do empurrão. Como classificar esse
expediente? Injusto, desleal, imoral?
Sei que, inequivocamente, definitivamente o mundo não é
mais dos espertos, muitos dessa categoria andam aos montes por aí a sombra
desta outra que cresce e a cada dia ganha mais força, “os empurrados”.
Acreditar na falácia de oportunidades iguais para todos é tão ingênuo quanto o
Cândido do Voltaire.
Eis então uma pergunta: o que pode
tornar alguém “empurrável” em potencial? Poderia tentar pensar em alguns
fatores, algumas ideias (bem longe dos manuais para o sucesso financeiro como
os do moço que tinha dois pais, afinal só tenho um e este é pobre), entretanto
citarei aqui apenas um: o nepotismo que em suas várias facetas, é o exemplo
mais comum de “empurramento” e a enésima prova de sua perenidade é a mastodôntica
e crescente massa de nepotes no Brasil. E ainda há quem pontifique essa postura
com “célebres” citações do tipo “Mateus, primeiro os teus”.
Para legislar não se exige conhecer
leis; para fiscalizar contas não se exige notório saberes contábeis; para
julgar, nos mais supremos tribunais, competência é atributo secundário; para
governar não se exige honestidade e compromisso; para se chegar ao topo não é preciso
escalar, pois a maioria cala. O empurrão suprime a insólita natureza do
esforço, do merecimento e da sapiência. Como na vilipendiosa ação de Agátocles,
que bem nos lembrou Niccolò Machiavelli, a tirania do empurrão pode até conduzir
ao poder, mas não à glória.
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Quem sou eu
- Waldílio Siso
- Formado em história, mestrando em educação. Educador social (trabalho com prevenção às droga) Tenho como hobby, a dramaturgia, escrevi algumas peças teatrais e tenho um livro publicado nesta área.