terça-feira, 18 de setembro de 2007

Você me deixa tonto, zonzo (...)

Lembrei-me daquela ave mitológica. Um lugar deste, Sauna coletiva pra os eufemísticos, porta do inferno ou ele mesmo pra os mais desbocados. Ser cabeça fria neste caso é um expediente inexeqüível. Como? Se as leis da ciência falam e explicam a transferência de calor do meio para os corpos. No lamarckismo febre aqui só aos cinqüenta graus. Se o povo desta terra tem um forte vigor, talento e outros atributos relevantes devem-se, quiçá, aos constantes ressurgimentos das cinzas. Esta cidade é uma pira colossal de ventos parcos, onde a fadiga já é de casa.
Dizem os mais antigos que o próximo final de mundo não será mais com um dilúvio. Será fogo. Teresina, acreditem, está na base do pavio, ou será que já iniciou sua carbonização? É mais provável. Mas talvez não. Tem outras cidades por aí candidatas mais forte a Sodoma e Gomorra. Não são poucas as idéias que surgem na tentativa de sanar os problemas das altas e insuportáveis temperaturas nesta cidade. Veio um louco e sugeriu que pintasse de branco os asfaltos, que a sensação térmica melhoria. Ora, uns mais entendidos, mas não pouco pedantes, lembraram que os corpos claros refletem a luz, os mais escuros retém. Nesse caso não sei. Retido ou refletido este calor mais que incomoda, sufoca.
Todavia, em meio tanta falação e também falácia a respeito desse assunto, impossível mesmo de se entender, são os porquês do baiano José Antônio Saraiva, que aqui instalou a capital da província em 1852 (a única sertaneja de toda região). Embora se fale da preponderância comercial de Caxias-MA, que amiudava o comércio piauiense, da necessidade se explorar a navegabilidade do rio Parnaíba etc. A gente da antiga capital dizia que lá é que era o lugar mais adequado para ser a capital da Província, em meio o sertão. E o que dizer do mar? Imagem antitética das florestas: a Vila da Parnahyba também pleiteava o privilégio de ter a residência do Presidente Provincial. De fato, era o local mais cogitado.
A civilização nos remete ao litoral. Ou trata-se de ojeriza ao interior? Pode também ser prepotência dos raquíticos neurastênicos. É no sertão que é possível se presenciar a plasticidade humana. É muitíssimo provável que um litorâneo pereça de sede a dois centímetros de um vegetal qualquer de seiva abundante e potável, ou de fome sobre a uma moradia de tanajura. Mas a questão aqui não é dicotomizar mar e mata, sabemos que um não vive sem o outro e ambos são metáforas do Brasil. O que se debate neste momento é menos buscar os tais porquês da instalação da capital nesta Chapada e mais, se trabalhar um processo de conscientização de que é imprescindível que busquemos soluções no sentido de amenizarmos a terrível sensação térmica em Teresina, sobretudo nos últimos quatro meses do ano.
São basicamente dois, os tipos de pessoas que celebram o intenso calor da capital piauiense: Aquele que nunca o sentiu, que são os ‘de fora’ e que também não andam lá muito satisfeitos com a baixa temperatura de seus habitat. E também aqueles que a cá moram, mais que a tecnologia e o farto cabedal nunca deixaram estes, sentir todo vigor de um B-R-O - bró, numa saunática viagem num ônibus coletivo urbano ou mesmo na peleja daqueles trabalhadores de rua: ambulantes, garis etc. Temos parques e praças arborizadas, mas numa cidade como esta não poderia haver mais pedras que planta, verde, mato... Teresina é uma cidade cinza. Não recrimino Coelho Neto, poeta maranhense que a chamou de “cidade verde”, pois certamente não cometeria o ato ilúcido de assim chamá-la se tivesse a observado nos dias de hoje.
Os nossos conjuntos habitacionais surgem de uma forma sui generis: Desmata-se tudo e, ergue-se o concreto depois quem quiser que plante algum ‘pauzinho’, nem de longe isso soa como uma necessidade. É curioso! Gente, isso é questão de saúde! Isso é necessidade fundamental, ornamentozinhos arbóreos a parte mas isso poderá propiciar um ambiente mas saudável, mas confortável e se não buscarmos esses meios, continuaremos com esta insalubridade: mal-estar, cefaléia, desidratação, manchas no corpo; nas crianças assaduras, brotoejas e sem falar no câncer de pele. Isso é pouco!?
Em suma, quer uma boa idéia para não passar por isso, idéia esta, talvez mais simples, sem muitos custos? Lá vai: ar - condicione sua casa, seu carro(se não tiver um, compre), seu ambiente de trabalho, seu barzinho preferido, evite a “lua” de 10 as 16 horas ou seja não vá a bancos ou então torne-se um gatuno ou coruja trocando o dia pela noite ou vá mesmo embora pra Londrina, Joinvile ou Pasárgada.

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Formado em história, mestrando em educação. Educador social (trabalho com prevenção às droga) Tenho como hobby, a dramaturgia, escrevi algumas peças teatrais e tenho um livro publicado nesta área.